terça-feira, 28 de abril de 2009

cores

"A. encostou o rosto na janela, enfadado com a chuva forte que caia lá fora. Deixou a janela embaçar com a sua respiração e começou a fazer desenhos com o dedo. Um sol sorridente. Limpou tudo e voltou a encarar a janela, emburrado. E então a viu. Primeiro o preto das sapatilhas, pisando o verde macio da grama molhada e o marrom mole da lama que se formava. Subiu um pouco, as meias brancas já encharcadas. A barra azul clara e então o preto. Um curva, duas, três. E logo o vermelho. Ah! Aquele vermelho! Doce e forte vermelho, vivo como só o dela. Meia volta. Os traços delicados de seu rosto. E o azul! Tão inocente e brilhante azul, janela da mais pura das almas. Azul como só ela podia- e sabia! – ter. Uma volta. E outra e outra e outra! Certo que ela sempre emanava cores, mas ali, na chuva, espantava o cinza do dia. Albus sorriu, abrindo a janela. Apesar do vento frio e das gotas de chuva, não se importou. Sua flor desabrochava, bem na sua frente, no mais belo e vermelho dos sóis, mais bonito do que em qualquer entardecer."

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