quarta-feira, 16 de junho de 2010

porque eu amo criar começos

Chegou aos dezesseis anos sem ainda saber o que era "querer crescer". Fingia entender aquele mundo adolescente de garotas, estudos, baladas e paixonites, mas, no fundo, ainda era bem criança. Não que chegasse em casa tomasse um todynho e fosse brincar com seu Max Stell. Quer dizer, ele ainda adorava o achocolatado e nunca conseguiu se desfazer de seus bonecos, mas não queria dizer que ele desse muita atenção a eles. Para quem não o conhecia direito, era um garoto normal, que ia tinha alguns problemas com matemática, mas entendia tudo de história, estava sempre com um livro nas mãos e tinha olhos azuis encantadores. E não havia ninguém que o conhecia direito. Sua mãe estava sempre preocupada com sua falta de amigos, o tempo que ele sempre passava sozinho, perdido num mundo de fantasias. Seu pai era mais tranquilo. Dizia que era tudo uma fase, sorria, desarumava os cabelos castanhos do filho e lhe perguntava se iria querer sobremesa. A mãe era uma dessas mulheres nervosas que sofrera na adolescência e tinha medo por tudo. Já o pai não. Ele fizera parte do movimento hippie, tocara violão descalço na rua e fora "contra o sistema". Quando cresceu, tornou-se editor de uma dessas revistas sobre cultura e música e passava os domingos ouvindo os novos cd's que eram lançados, lendo os livros que ainda não haviam sido publicados ou indo à estreias de peças e filmes. Um desses humens que as pessoas gostam de chamar de "culto" e convidar para jantar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário