quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Modelo Vivo

Posso estudar as curvas da sua vida na sua pele? Acho que esse jeito na sua mão mostra que você já foi criança, daquelas bem criança mesmo, daquelas bem vivas, vibrantes. Chega mais perto. Se não te desenho, te estudo, te vejo, te descrevo. É como uma aula de modelo vivo para palavras, olhar teu corpo assim de perto, querer-te tanto e poder só te estudar. É tudo uma questão da academia, só pode se aprovado pelo digníssimo reitor e se for para o desenvolvimento intelectual, artístico e profissional. Afinal, estamos aqui para nos formar, não é? Ou talvez só para ganhar dinheiro. Eu quero aprender, saber você de cor, até o gosto da sua língua. Mas não pode, não deve, não deixam.

Vou ainda aprender a te exibir inteira. Não nua, isso é fácil, mas por dentro. Olhar e saber por aonde andam seus pensamentos, por quem bate esse teu pobre coração. Ainda faço modelo vivo sem ser para desenhar esses seu lindos olhos verdes, esse seu nariz meio torto, essa sua pela tão sua. Meu modelo será a tua alma e deixarei o lápis de desenho para te representar nas palavras de minha boca.

domingo, 11 de setembro de 2011

De coração pesado

Não é pelos resultados, que não serão, afinal, tão desastrosos. Não é pela bronca, que nem chegou a vir. Não é pelo não fazer. É pelo simples erro.
Só mais uma desantenção. Mais uma? Até quando? Até quando vou ser desatenta assim, me perder assim só porque "já foi marcado há muito". Acho que tenho falta de atenção com a vida. Mas nem queria.
Queria ser jovem para sempre, mas queria ter responsabilidades. E eu posso? Posso assumir uma casa, uma família, se nem lembro uma data já marcada? Quem me disse que sou madura, que sou responsável?
Acho que essa pessoa estava errada.
Acho que tudo está errado.

Acho que a errada sou eu.

domingo, 4 de setembro de 2011

Bala e porcelana

"(…) Levou a mão à boca, mas tudo que pôde sentir foi o gosto do vinho que bebia. Mesmo assim, seu corpo, cada sensação, à levava de volta para aquela noite. Olhou para a neve, o fogo, as fotos sobre a lareira. Os únicos e mudos observadores de seu adultério. Mas não via as coisas dessa forma. Fora algo inevitável, que teria acontecido de qualquer maneira. Era somente a coisa certa. E nada mais. Sabia que a neve continuaria a cair sempre em silêncio, que o fogo iria se extinguir e que as fotografias não falariam nenhuma palavra. Seria confortável assim pra sempre. E, no fim, quem poderia reprimir aquele ato, levado apenas pela beleza do momento, por aquele corpo de cabelos de palha e pele de porcelana? (…)"

sábado, 13 de agosto de 2011

É como...

... comer torrada no café da manhã, mas sem nutella.

sábado, 9 de julho de 2011

Só não na minha frente

Não me importa o que você possa querer fazer. Na verdade, espero que faça tudo o que quer e que se divirta muito com isso. Espero que eu possa me divertir também. Não me importa como, quem, onde, por que, o quê, quantas... Não quero saber. Não ter compromisso é isso, não é? L-i-b-e-r-d-a-d-e. Era isso que nós queriamos. Ou era isso que você queria. Acho que liberdade vai além disso. Eu não te prenderia, nunca quis prender ninguém. Só quero que sejas um pouco meu, que eu possa querer também - e fazer - fora de seus caprichos.

Não importa o que você possa querer fazer.
Só não na minha frente.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Quando eu disse que nós nos casariamos um dia, eu quis dizer exatamente isso. Acontece que o tempo não é certo pra nós. Não era. Vivemos tudo muito lindo para depois deixar morrer. Mas não pode morrer assim.

Eu só queria poder te ver de novo, aqui bem mais perto, te contar tudo o que falta para te contar. E aí acaba.

domingo, 19 de junho de 2011

rosa

Num vaso na sala, a rosa estava murcha. suas pétalas cor-de-rosa estava escuras, caídas, mortas. Mas ela não queria jogá-la fora.
Não fora um presente de um amor inesquecível, era apenas algo com que aplacar a solidão, ela própria comprara. Recebera um desconto e um sorriso do vendador de rua, que ainda ofereceu-lhe uma outra flor. Mas não, tinha que ser uma rosa solitária como ela.
Em casa, no escuro, tentara refazer com a flor o caminho de das mãos dele sobre seu corpo, aquelas mão que tão diferentes eram da rosa suave, aquelas mãos duras, ásperas, mas ainda assim carinhosas como nenhuma outra poderia ser. Mas era só uma flor.

sábado, 4 de junho de 2011

quase, quase....

Eu quase disse. Ou será que eu quase quis dizer. Você perguntou-me o que eu sentia e eu respodi apenas que é complicado. Mas tudo é complicado, menina. Quem foi que te contou que a vida é simples? Não se você tem essa intensidade maluca. Não se você é assim tão menina, tão anima, tão alma e quase nada mente. "É complicado". Mas que besteira para se dizer, que grande vazio, que esquiva mal feita.
Você perguntou. E eu perguntei também. Acho que você é mais simples. Talvez você funcione melhor, seja mais certo. Sei que não acha nada disso. Sei que só eu que vejo assim, através desse caleidoscópio estranho de sentimentos. Não enxergo a vida através de cores, vejo através de sentimentos. E esse agora grita para sair, para que eu te diga.
Eu quase disse, mas não quis te levar ao limite. E é tudo tão simples, na verdade. Essa complicação sou eu que crio. É só uma frase. São só algumas palavras. Talvez não precise nem delas.
Eu quase disse.
Eu quis dizer.
Eu te amo

domingo, 29 de maio de 2011

espero que você entenda

que sempre fui eu quem esteve em seus sonhos. E você sabia disso, só não queria acreditar.

Você devia ter começado a me perdoar aos poucos. Quando ainda era só sonho. Quando você me achava muito melhor.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Debaixo

Não me importaria de pôr a culpa em você, porque sabemos que a culpa é sua. Mas responsabilizo-me também. Talvez eu não devesse expor-me tanto assim a você. Talvez eu devesse aprender a ser mais eu para não querer ser você. Talvez. Mas eu te quero.

Acho que você finge que não entende, mas no fundo sabe como tudo é. Sabe que meu coração bate no compasso das suas músicas de tanto ouví-las sempre e sem parar. Sabe que meus dedos ficaram assim de tocar as cordas de suas melodias, meu olhos se tornaram o reflexo de sua fumaça. Transformei-me em restos de você. Juntei seus cacos que ficaram no caminho e me contrui, estátua, estranha, incompleta. Mas ainda estou aqui debaixo.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

escrevo agora enquanto ele dorme

Não sei quanto tempo passou ou mesmo se o tempo passou. Cada beijo, cada toque, era mais um momento de perfeição. Nunca me existiu momento mais sublime. Nunca me senti mais amado ou amei mais. É até um pouco estúpido falar assim sobre algo tão carnal, mas foi muito mais que só sexo. Muito, muito mais que isso. Foi um pacto, uma promessa. Algo como jurar o amor eterno, mas sem precisar falar nada. Perfeito.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Queria tomar

Sinto que dói se vivo, mas onde dói? Não sei dizer. Quem sabe me doam os músculos, cansados de não fazer nada, de esperar o movimento, a explosão. Ou talvez me doam os olhos, desesperados de sempre desejarem tudo e nada possuírem se não lágrimas e escuridão. Que triste deve ser ser um olho que observar, espera, quer, mas não tem, nunca. E quem disse que eu tenho?
Talvez me doa o mundo. Mas o mundo dói em todo mundo e sei que o que me dói é só meu, dói só junto de mim. Quanta melancolia! Quanto melodrama. Talvez eu pertença em alguma drama exagerado que os críticos aclamam por não entenderem e o que me doa é a falta de minha máscara. Ou então me dói o peso de levar sempre essa minha fantasia (e me fantasio de que, diretor? quem inventou essa personagem?).
Acho que só dói quando dói, e quando não, tudo dói um pouco menos.

Acho que me dói o espírito

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Abraço

Queria ter em meus braços seus abraços, desses longos, apertados, que deixam o cheiro do seu perfume em minha roupa, que deixam a impressão de seu corpo em meu peito. Queria ter em meu cheiro o seu cheiro, esse que já reconheço de longe, que me faz ter sonhos e fechar os olhos. Queria ter em meus olhos seus olhares, desses brincalhões e rápidos, desses longos e gentis, desses que passeiam pela minha boca. Queria ter em meus lábios seus beijos, desses que marcam, que são doces, desses vorazes, que dão vontade, desses quase não-beijos, que dão saudades. Queria ter em mim você

sábado, 16 de abril de 2011

Caminho

Peguei o caminho mais longo para não ir sozinha, para não sentir tanto frio. O que é isso que estou construindo? Um forte, um castelo, uma armadura? E de que, de papel? Então bem vestida de folhas finas enfrento o vento. E perco, perco, perco. Não há caminho sem brisa! Não há brisa sem gosto de mar. Vou deixando para trás o que levei tanto para conquistar, mas que que nada serve, pois não teve força. Ficou há muito o que me mantinha segura.

domingo, 3 de abril de 2011

eu não ficaria bem na sua estante

Mudei seu amor para brinquedo, desses que pegam poeira na estante alta quando a gente cresce (e esquece). Mas dá para esquecer amor?

sábado, 2 de abril de 2011

Fico entre

não morrer e me matar
não viver e celebrar
não correr e não voar
não querer e só amar

progredir e recolher
estudar e entreter
saber e não saber
esconder e escolher

e como faço
pra escolher
qual dor gosto mais
que faça doer?

e como faço
pra decidir
se perco mais
em perder
a você ou a mim?

sábado, 26 de março de 2011

segura minha mão?

Fui ao teatro hoje. Peças tem um jeito estranho de entrar em você. Parece que a proximidade com o autor torna tudo mais vivo, mais real. Sente-se o calor, a mais ligeira mudança de tom, cada um dos suspiros. E doeu. Acho que o bom teatro sempre dói um pouco, não se pode entrar assim em seu íntimo sem dificuldade. Mas doeu sozinha.

Em minha mente, eu estava apertando a sua mão. As lágrimas vinham em silêncio, talvez com um ligeiro tremor de olhos, de lábios, de peito. Meu coração apertou, saltou, quis fugir (pra você). Estou tão sozinha!

A peça falava de morte, de velhice. Tenho medo do tempo. Tenho medo de nunca mais te ver. Vem me visitar um dia? Me perdoa de novo? Só você faz companhia do jeito certo, sabe falar de estrelas, sabe conversar de madrugada. Só você.

Acho que não foi bem o teatro.

Acho que não foi bem nada disso.

Acho que fui só eu.

Só.

terça-feira, 22 de março de 2011

Mais café

Vejo rostos nas ruas,
vidas que vem,
passam,
vão...

Crio suas histórias,
mas de que me valem
histórias assim?
Só contar as suas vidas
não é mais nada,
não importa pra mim.

Quero saber
o sabor
de suas entranhas
seus dentes, olhos,
Destinos.
Quero saber o que sentem
quando sentam de noite
sozinhos.

Quero suas sensações
seu tato, sua cor.
Como vêem, o que lembra
cada som, cada odor.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Por que eu gosto de ler

Esse post faz parte da blogagem coletiva sugerida pelo blog livros e afins (http://livroseafins.com/)

Por que eu gosto de ler:

Nao lembro de nao gostar de ler e, na verdade, nao sei bem quando foi que comecou essa paixao, entao gosto de imaginar que foi sempre assim.

Gosto de ler porque gosto de historias, porque preciso de outras vidas que nao a minha. Gosto de palavras e gosto de imagina-las, de dar forma a um personagem descrito, ve-lo correr, pular, amar, chorar, viver. Gosto de viajar para terras distantes, mundos paralelos, um novo lugar.

Gosto de ler porque gosto de fugir.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

olhos nos olhos, quero ver o que você faz...

Verde-amarelo-sol.
Por que você me olha assim?

Ja reparou como e engraçado o olhar de uma pessoa para outra quando quer beijá-la mas não vai porque ela esta falando? Ou porque tem gente olhando. Ou porque tem mais alguém que deveria ser beijado.

Por que você me olha assim?

Por que eu nao olho para você tambem?

Mas eu olho, juro! E eu lembro, eu sei. Você sabe.
Eu lembro, tu lembras, nos lembramos. E ai acaba, não é? Acho que sim, mas quem sabe não.
Talvez seja maior que "nós". Talvez seja maior que o mundo. Porque é amor. Era...?

Foi bonito.

Por que você me olha?

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

em um guardanapo de um café

Como dói se eu
te quebro?
Qual o seu tipo
de dor?
De que me servem
suas histórias?
Relatos não têm
sabor.

Quer a cor do seu
desejo
O sabor da sua
paixão
O odor do seu
anceio
O tato do seu
não
Sua poesia mais íntima
Aquela quase prisão
Ou talvez aquela fugida
De seu espirito pela sua mão.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Chuva é como acordar
numa manhã fria e reparar
que o vazio na sua cama
no seu peito
é bem mais frio
que o dia

Chuva é
sentir falta

Chuva é um beijo
um abraço
um adeus

Chuva é lembrança
tanta!

Chuva é

sábado, 15 de janeiro de 2011

Comprou uma boneca. Uma desse tipo bem comum. Os cabelos eram loiros e ásperos. Os olhos, grandes e verdes. Tinha a pele nesse bege-rosa que as pessoas cismam em chamar "cor de pele". Pele de quem? Não a dela, com certeza.
Quando chegou em casa, botou a boneca na estante, do outro lado do quarto, sobre a mesa. Mas ali ficava tão longe. Decidiu que ela deveria ficar sobre a cama, confortavelmente sentada sobre o travesseiro. Dali, ela podia ver a janela e o mundo que corria lá fora. Bem na verdade, não havia muito o que correr, talvez os esquilos que saltitavam de uma árvore para outra, ou os passarinhos que voavam para proteger seus ninhos.
Voltou pronta para dormir, com seu pijama preferido, de listras azuis e brancas. Puxou a coberta e a boneca foi ao chão. Recolheu-a com cuidado e a pôs sentada novamente, dessa vez sobre o monte da coberta. Deitou-se, fechou os olhos. E agora?
Virou-se pro lado. Virou-se, virou, virou. Abriu os olhos. Para que tinha comprado a boneca? Abriu os olhos e, esticando o braço, apanhou-a. Apertou a pequenina figura entre seus braços, que, em comparação, eram de um gigante. Ela era quente. Fechou os olhos.

Mas como pode uma boneca sem nome? Todo mundo tem um nome. Abriu os olhos. Examinou sua nova companhia. Pendurada de cabeça para baixa ela poderia se chamar azaléia. Mas não ficaria o tempo de ponta a cabeça! Sentada a sua frente, ela a encarava como se a perguntar, que nome vai me dar? Como sabe que já não tenho nome?
E qual o seu nome, boneca? Qual seu nome?
Boneca.
Abraçou sua, agora, amiga (afinal, não podemos ser amigos de estranhos) e fechou os olhos de novo. Boa noite, Boneca. Boa noite, querida.