terça-feira, 12 de março de 2013

Aquele do açúcar

Olhou o desenho, sentindo aquela já conhecida raiva. Como ele podia ser tão bom? Desviou os olhos para aquele rosto ansioso, incomum. As vezes, não entendia. Ele não era engraçado, bonito ou inteligente. Se perguntasse, talvez ele respondesse que Dostoievisk era uma vodka russa. "Ficou muito bom". "Obrigado". Se pudesse, lhe acertava um soco agora. Não. Se pudesse, lhe roubava um beijo. O que ele tinha? O rosto desproporcional, o jeito calado — que era só uma forma de se afastar das pessoas que prefiria julgar a se aproximar. "E quem foi que disse que eu sou legal?"  Ninguém  disse. Mas por um tempo, era bem fácil de acreditar.