sábado, 26 de março de 2011

segura minha mão?

Fui ao teatro hoje. Peças tem um jeito estranho de entrar em você. Parece que a proximidade com o autor torna tudo mais vivo, mais real. Sente-se o calor, a mais ligeira mudança de tom, cada um dos suspiros. E doeu. Acho que o bom teatro sempre dói um pouco, não se pode entrar assim em seu íntimo sem dificuldade. Mas doeu sozinha.

Em minha mente, eu estava apertando a sua mão. As lágrimas vinham em silêncio, talvez com um ligeiro tremor de olhos, de lábios, de peito. Meu coração apertou, saltou, quis fugir (pra você). Estou tão sozinha!

A peça falava de morte, de velhice. Tenho medo do tempo. Tenho medo de nunca mais te ver. Vem me visitar um dia? Me perdoa de novo? Só você faz companhia do jeito certo, sabe falar de estrelas, sabe conversar de madrugada. Só você.

Acho que não foi bem o teatro.

Acho que não foi bem nada disso.

Acho que fui só eu.

Só.

terça-feira, 22 de março de 2011

Mais café

Vejo rostos nas ruas,
vidas que vem,
passam,
vão...

Crio suas histórias,
mas de que me valem
histórias assim?
Só contar as suas vidas
não é mais nada,
não importa pra mim.

Quero saber
o sabor
de suas entranhas
seus dentes, olhos,
Destinos.
Quero saber o que sentem
quando sentam de noite
sozinhos.

Quero suas sensações
seu tato, sua cor.
Como vêem, o que lembra
cada som, cada odor.